28 de fevereiro de 2014

[Livro] Tigana – Guy Gavriel Kay


Livro: Tigana
Titulo Original: Tigana
Autor: Guy Gavriel Kay
Editora: Saída de Emergência
Ano: 2014
Avaliação: 4,5/5
Sinopse:Tigana é uma obra rara e encantadora onde mito e magia se tornam reais e entram nas nossas vidas. Esta é a história de uma nação oprimida que luta para ser livre depois de cair nas mãos de conquistadores implacáveis. É a história de um povo tão amaldiçoado pelas negras feitiçarias do rei Brandin que o próprio nome da sua bela terra não pode ser lembrado ou pronunciado. Mas anos após a devastação da sua capital, um pequeno grupo de sobreviventes, liderado pelo príncipe Alessan, inicia uma cruzada perigosa para destronar os reis despóticos que governam a Península da Palma, numa tentativa de recuperar um nome banido: Tigana. Num mundo ricamente detalhado, onde impera a violência das paixões, este épico sublime sobre um povo determinado em alcançar os seus sonhos mudou para sempre as fronteiras da fantasia. (Fonte: Skoob)

Comentários:
Logo que li a sinopse de Tigana já fiquei bem interessada na história e toda a trama que ela envolvia, e posso dizer que adorei o livro. 
O enredo é baseado no principio da tirania, uma península foi tomada por dois reis magos opostos que comandam cada um uma parte das terras, mas, como ocorre em todas as tiranias, há muita opressão, mortes, regras e a falta de liberdade em vários sentidos, esse é o cenário de governo atual da história. Porém durante a tomada das terras Brandin, um dos tiranos magos teve seu filho morto nas batalhas e como punição acaba por excluir da memória o nome da terra em que residia o povo que foi responsável pela morte de seu herdeiro, Tigana, com isso todos, exceto outros magos e os próprios moradores desse lugar, esquecem da existência dessa península e não conseguem ouvir seu nome. Alessan, príncipe sobrevivente de Tigana irá lutar para mudar isso e trazer o nome de sua terra e seu povo de volta tentado acabar com a tirania. 
Logo de princípio a história já tinha me ganhado, adoro essas tramas políticas e jogos de poder, o que ainda faltava comprovar era a narrativa, e ela não me decepcionou, o autor têm um estilo que segura o leitor, ele não aborda os personagens principais por pontos de vista diretos, mas sim por personagens secundários que os acompanham e essa foi uma técnica que me agradou muito, pois além de poder acompanhar o andamento dos fatos há ainda uma aproximação dos personagens, vê-los pelo ponto de vista de terceiros os torna mais humanos,  criando uma maior simpatia ou gerando a compreensão de seus atos. Além de tudo o mistério ainda é mantido já que também não sabemos o real pensamento deles. 
O livro possui poucas cenas de ação, mas muitas jogadas políticas e planos, Guy Graviel foi abordando os vários pontos de um acontecimento, o quanto ele pode afetar a população, os conspiradores ou os governantes, todo o livro tem um ar de conspiração, poder, magia, vingança e ambições. E uma questão muito profunda abordada de uma forma muito interessante pelo autor é a perda da identidade através da perda do nome, como ele explica no posfácio da obra o nome é a representação da identidade de um povo e essa busca pode representar figurativamente várias situações de nossa história real. 
Os personagens são muito bem construídos, e um dos sinais é que é possível identificar o bem e o mal em todos eles, os personagens são complexos, possuem suas motivações e objetivos e sabem o preço que têm que pagar para alcançar o que querem e com isso todos eles são extremamente humanos, Alessan e Brandin possuem suas dicotomias e os seus personagens secundários são regados de personalidades, motivações, sonhos, mas também de dúvidas, medos e vergonhas. 
A história foi se desenvolvendo aos poucos, neste primeiro livro Gavriel desenrolou os fios de todas as tramas para poder armar as próximas jogadas com mais ação a partir das continuações (como já é possível perceber pelo trecho do segundo livro disponível ao final). E com isso posso dizer que estou louca para saber a continuação dos fatos.


26 de fevereiro de 2014

Exposição O Pequeno Príncipe


A exposição do Pequeno Príncipe foi uma das mais esperadas pra mim desde que soube sobre ela, mas depois de tanto esperar e de tanto andar (o lugar longe rs) não fiquei tão feliz. Não por que a exposição não está bem feita, pelo contrário, ela está linda, mas além de ter achado um pouco pequena ela é bem voltada para o público infantil, então todas as atividades e brindes são para crianças, e como eles não contam idade espiritual (vou ser eternamente uma criança) não pude participar de quase nada da parte interativa. Veja mais na página do blog no facebook. 
Logo no início entramos por uma estrutura em formato de livro que trazem as ilustrações feitas pelo Antoine Saint-exupéry para o Pequeno Príncipe. 
A primeira parte é uma estrutura que irá mostrar toda a história de Antoine Saint-exupéry com cartazes contendo histórias, fotos e ilustrações. 



















A próxima estrutura foi uma das que achei mais criativa, eram apenas paredes brancas onde as pessoas poderiam desenhar seus carneirinhos, a única coisa ruim é que quando fui as paredes já estavam completamente repletas de desenhos (e não que eu soubesse realmente como desenhar um carneiro).

Em uma próxima há um espaço mostrando todos os planetas que o pequeno príncipe visitou antes de chegar à terra com frases importantes da passagem de cada um. 






















Têm mais uma que é simples, mas com uma tecnologia muito legal, uma câmara escura em que você pode fazer com que imagens de pássaros sigam a direção que você quer. 
Uma das partes mais interessantes é um labirinto em que se tem que achar um fosso no meio do no meio dos caminhos onde você poderá pegar sua “estrela” para fazer desejos para um mundo melhor. 






A decoração está bem interessante, cheia de imagens do livro, detalhes, um campo de rosas de tecido pra tirar foto, é possível sentir em cada pedaço da exposição a magia que o livro me provocou quando li e, entre outras coisas, ela está linda. Aqui só vou falar o que me deixou triste, é que a exposição é essencialmente infantil, focada nas atividades que só as crianças podem fazer (o que é uma sacanagem, espiritualmente ainda sou um “menino perdido”) então para os adultos esperava um pouco mais de interatividade, porém a exposição estava linda e valeu o esforço de ir vê-la. 


22 de fevereiro de 2014

[Teatro] Musical – A Madrinha Embriagada


Só as forças universais sabem o quanto penei para conseguir assistir essa peça, por ser um projeto cultural de exibição gratuita conseguir um lugar é uma luta, mas tenho que dizer que valeu cada mês de espera, A Madrinha Embriagada me surpreendeu e me encantou. 
Um Projeto do Sesi com Atelier de Cultura, é exibido quase todos os dias da semana e traz a adaptação e direção de Miguel Falabella (já estou começando a virar fã dos trabalhos do Falabella no teatro, é a segunda versão feita por ele que assisto, a primeira foi Cabaré, e as duas são sensacionais). 

A história é dividida em dois pontos de vista, um deles é o do Homem da Poltrona, um personagem sem nome que irá apresentar em seu apartamento o glamour e pompa dos musicais e teatro dos anos 20 em São Paulo, ele usa do artifício do vinil de uma peça para poder reviver aquele período, o outro ponto de vista é a própria peça que ele ouve. A Madrinha Embriagada, comédia musical que vai se desenvolvendo conforme o espetáculo continua. Os pontos de vista interagem e se unem, o apartamento do Homem da Poltrona é o fundo fixo enquanto os cenários do musical vão surgindo e interagindo com ele. O próprio personagem interage com o público e interfere na narrativa da peça, nos mostrando e explicando como era a versão feita nos anos 20, quem eram os autores da peça e seu desenvolvimento. 

Esse artifício usado por Falabella foi o que mais me encantou, a parte da Madrinha possui um desenvolvimento próprio, é a história de uma grande artista que irá se casar e largar sua carreira e a interação de todos ao seu redor, o produtor que não quer que seu casamento ocorra, a vedete Eva, o noivo e todos os outros que estão na mansão para o casamento, e o elemento principal, a madrinha da noiva, que está o tempo todo bêbada, mas tem grandes cenas.

A peça possui muitas músicas boas, cenas de dança e sapateado, porém o que me ganhou mesmo foi a interação entre os dois elementos da atuação. Assumo que senti uma identificação com o Homem da Poltrona, seu amor pelo musical, sua dedicação e suas reações interagindo com cenas coreografadas. A interação ainda maior, da vida cinza, parada e solitária do Homem com toda a alegria, movimento e agitação do musical é perfeita e está lindamente descrita em uma frase do Homem e que também está no panfleto da peça. 

“...ainda que o libretto seja previsível e estapafúrdio, as canções são lindas e A Madrinha Embriagada, ao meu ver, cumpre aquilo que se espera de uma comédia musical. Faz com que você esqueça pro algum tempo da dura realidade que nos espera lá fora.” 



15 de fevereiro de 2014

[Série] Sherlock – Terceira Temporada


Título Original: Sherlock
Temporada: 3
Ano: 2014
Roteirista: Steven Moffat e Mark Gatiss
Emissora: BBC One
Episódios: 3
Avaliação: 5/5


Comentários:
O que dizer quando se está simplesmente estarrecida, só posso afirmar que amei a terceira temporada de Sherlock.
Vejo que a maioria das séries que gosto sofrem do bum da terceira temporada, foi assim com Fringe, Castle e agora com certeza Sherlock tem seu lugar nesta lista.

Após o final da temporada anterior não sabia qual seria o rumo que a série tomaria, e nem se ela conseguiria manter seu padrão sempre tão elevado. O rumo foi perfeito e o padrão foi superado.
Acho que foi a temporada em que os três episódios significaram tanto, podem ser poucos,  mas contém carga emocional e de roteiro de uma série maior.

Sherlock está de volta, mas não é o mesmo, na verdade nenhum deles é o mesmo, e para mim esse foi um dos pontos chaves dessa temporada, poder ver a evolução de cada personagem, o como eles mudaram convivendo um com o outro, e a inclusão de uma nova personagem que amei, Mary.

Os três episódios são muito consistentes e bem amarrados e cada um possui uma enorme carga emocional, é difícil poder definir qual deles é meu preferido.
A trama evolui tendo um caso diferente em cada episódio, mas com um foco comum em todos eles, Watson e Mary.

Já era fã de Benedict Cumberbatch (ator que faz Sherlock) e a cada temporada fico mais, pensando em conhecer melhor o trabalho dele.
O final, como sempre, foi surpreendente deixando várias perguntas para a próxima temporada, que já estou rezando para não demorar muito.


1 de fevereiro de 2014

[DDI] Iasmim e seu sonho


Iasmim criava seu sonho, todos os dias o alimentava, brincava com ele e o punha para dormir. 
Iasmim criava seu sonho, ria com suas brincadeiras, imaginava futuros possíveis e o via crescer. 
Iasmim criava seu sonho, mas por mais que o amasse, ela não o levava para fora, tinha medo de que o mundo não entendesse, de que fosse rejeitado. Não suportava sair com ele e vê-lo banhado pela luz do sol, descobrindo as verdades que as sombras de sua casa escondiam. 
Iasmim criava seu sonho, era totalmente possessiva com ele, ele era dela e de mais ninguém. 
Iasmim criava seu sonho, fez dele seu bálsamo, o simples pensamento que lhe despendia curava suas feridas e preenchia seus vazios. 
Iasmim criava o seu sonho, mas em uma manhã qualquer ela acordou e ele não estava mais lá, procurou embaixo da cama, nos cantos e em todos os lugares escuros em que o escondia para que os outros não o vissem. 
Iasmim perdeu seu sonho, e se desesperou, colocou cartazes, perguntou por ele, mas como nunca teve coragem de mostrá-lo ao mundo as pessoas não podiam reconhecê-lo e com isso se viu sozinha e chorou. 
Iasmim pranteou seu sonho, suas feridas e suas dores voltaram, não tinha mais seu pequeno bálsamo de ilusão, seu emplastro para fingir que era feliz, agora só tinha lhe sobrado a realidade de sua casa com todos os cantos vazios e isso a assustou. 

Iasmim viu seu sonho, em uma tarde desolada, voltando de seu enfadonho trabalho, ela viu seu sonho com outra, e ele estava bem, reluzia a luz do sol ao lado de alguém que não teve medo nem vergonha dele. Seu sonho estava feliz e a havia esquecido. 
Iasmim criava seu sonho, mas isso não era o bastante para ele, que exigia a única coisa que ela não podia lhe dar, coragem para vivê-lo. 

Daniele Vintecinco 31/1/14





DDI – Delírios, Devaneios e Insensatez - um espaço em que escrevo todos os pensamentos, delírios e devaneios que vêm a minha cabeça, o que é no mínimo uma insensatez.