9 de maio de 2014

[Livro] As Mentiras de Locke Lamora – Scott Lynch


Livro: As Mentiras de Locke Lamora
Titulo Original: The Lies of Locke Lamora
Autor: Scott Lynch
Editora: Arqueiro
Ano: 2014
Avaliação: 4/5
Sinopse:O Espinho é uma figura lendária: um espadachim imbatível, um especialista em roubos vultosos, um fantasma que atravessa paredes. Metade da excêntrica cidade de Camorr acredita que ele seja um defensor dos pobres, enquanto o restante o considera apenas uma invencionice ridícula.
Franzino, azarado no amor e sem nenhuma habilidade com a espada, Locke Lamora é o homem por trás do fabuloso Espinho, cujas façanhas alcançaram uma fama indesejada. Ele de fato rouba dos ricos (de quem mais valeria a pena roubar?), mas os pobres não veem nem a cor do dinheiro conquistado com os golpes, que vai todo para os bolsos de Locke e de seus comparsas: os Nobres Vigaristas.
O único lar do astuto grupo é o submundo da antiquíssima Camorr, que começa a ser assolado por um misterioso assassino com poder de superar até mesmo o Espinho. Matando líderes de gangues, ele instaura uma guerra clandestina e ameaça mergulhar a cidade em um banho de sangue. Preso em uma armadilha sinistra, Locke e seus amigos terão sua lealdade e inteligência testadas ao máximo e precisarão lutar para sobreviver. (Fonte: Skoob) 

Comentários:
As Mentiras de Locke Lamora foi um livro que me lembrou muito aqueles filmes de armações e planos mirabolantes de ladrões para cometer um crime (que eu adoro).
Escolhi receber esse livro justamente por seu mote: ladrões, planos, golpes, uma entidade que aparenta ser mais esperta do que o ladrão, farsas sobre farsas (me entenderam??) uma rede de mentiras e planos sem fim e nisso Locke Lamora não me decepcionou. 
Tenho que confessar que o livro não deu muita sorte comigo, acabei iniciando a leitura em um momento não muito bom, estava lotada de trabalho e compromissos e os primeiros capítulos, que já são mais lentos, demoraram muito a engrenar, mas depois que isso aconteceu a história fluiu muito bem. 
A narrativa de Scott Lynch é bem diferente em alguns aspectos, primeiro ele criou um ambiente novo para ambientar a história, deuses e marcação de tempos próprios, religião, sistema de comércio e de hierarquias, resumindo ele baseou a trama em novos conceitos (até ai nada de inovador no gênero), mas o que muda é que o autor não se preocupa muito em explicar essas diferenças nem esse mundo, ele dá apenas uma pequena introdução de alguns aspectos como as divindades, as construções ou o comércio por eles interferirem de algum modo no decorrer das ações, mas nada além disso, o que tem um lado positivo e um negativo. O lado bom é que a história não se perde em enormes divagações e explicações sobre cada detalhe sendo que alguns deles não são importantes e a maioria pode ser entendida conforme os acontecimentos transcorrem. O lado negativo é que a imersão inicial do livro é mais complicada (outro motivo que fez com que o começo da leitura não fluísse muito para mim) até o leitor se ambientar ou se acostumar com todas as diferenças demora um pouco mais de tempo e a leitura nas primeiras páginas não é tão natural, mas sim com várias dúvidas. 
Outro diferencial da narrativa de Lynch é que ele não traz os fatos de forma linear, na verdade ele intercala eventos atuais de um Locke Lamora já crescido, famoso ladrão de Camor em meio a um grande golpe, com a história anterior a isso, a infância do personagem, a criação dos Nobres Vigaristas e seus treinamentos. Esse foi um estilo que me agradou bastante pois além de criar momentos de tensão e alívio durante a narrativa conhecemos pontos importantes do passado dos personagens e que tem relação direta com o que está acontecendo com eles. 
Os personagens são outro ponto de dualidade do livro, por um lado alguns são um pouco negligenciados e por outro são extensivamente elaborados, calma, eu explico: alguns personagens possuem sua construção rica e uma profundidade que dão todo o tom da narrativa, Locke Lamora, Capa Barsavi, Jean e mais alguns possuem sua personalidade bem traçada e trabalhada, alguns personagens que são muito interessantes não foram tão aprofundados como os irmãos Sanza, Pulga e o Aranha de Camor (e eu gostaria muito de saber mais sobre eles). E por fim, outros personagens são extensivamente citados mas nada além disso, como Sabeta (porém por ser uma série eu ainda espero saber mais sobre eles nos próximos livros). Outro ponto que me incomodou um pouco foi que o grande vilão da história demora muito a aparecer e com isso o trabalho voltado para ele foi um pouco corrido, em compensação as cenas de ação e o ritmo da leitura aumenta consideravelmente após sua revelação. Um aspecto muito forte é que o autor humaniza bem seus personagens, todos os atos possuem uma justificativa e um meio, ninguém é realmente perfeito, e isso é o que mais me encantou em Locke Lamora, ele é um grande farsante sim, mas ele também erra e é nesses momentos que mais prova sua genialidade (ou seus impulsos que levam ao desastre, depende da situação), mas que por mais esperto que seja ele não está livre de falhas e assim o quanto ele tem que improvisar e usar seu raciocínio para poder escapar dessas situações.
O autor soube muito bem formar a trama e quando menos se espera já se está tão envolvido no complexo sistema comercial de Camor, no mais complexo ainda sistema de gangues e roubos de Capa Barsavi, na parte hierárquica e principalmente nos elaborados e por muitas vezes inconsequentes planos de Locke Lamora. Fiquei surpresa com as reviravoltas e escolhas de diretrizes para a história, saliento que apesar de ser uma série a trama central tratada nesse livro começa e termina nesse único volume, deixando sim uma ponta solta, porém nada que gere raiva ou revolta mas apenas uma doce curiosidade do rumo que narrativa terá. 


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